Na última semana a Prefeitura de São Paulo anunciou o cancelamento da vacinação contra raiva - doença que é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida para humanos - em cães e gatos. O serviço era gratuito e móvel, ou seja, levava os postos de vacinação até muitos bairros da capital. Com isso muitos tutores se viram apenas com duas opções: ir até os centros de zoonoses, que oferecem gratuitamente o serviço, ou procurar clínicas particulares para imunizar seus animais de estimação.
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O motivo do cancelamento, de acordo com nota oficial do Ministério da Saúde, é que o laboratório que produz a vacina antirrábic a inativada para uso exclusivo em cães e gatos (VARC) e fornece esse imunobiológico ao governo informou que o cronograma de envio do produto foi alterado. Com isso, a previsão é de que a entrega aconteça, apenas, a partir do mês de novembro.
Segundo o veterinário Bruno Rigobello, do Hospital Veterinário VetMétodo, “Cerca de 1,5 milhões de vacinas deixarão de ser fornecidas pelo governo federal”, ainda ressaltando que os mais prejudicados são os moradores das regiões periféricas da cidade. A dose da vacina custa entre R$70 e R$100, e muitos tutores não podem arcar com esse gasto.
O problema é agravado pelo fato de no mês de agosto a doença se espalhar mais facilmente. Conhecida como "mês do cachorro louco" nessa época as fêmeas costumam entrar no cio por questões climáticas, os machos brigam para se reproduzirem, e assim, são contaminados e contaminam outros animais saudáveis.
Segundo o veterinário Jorge Morais, fundador da rede Animal Place, a doença é fatal para os animais. “A raiva não tem cura e age rapidamente causando a morte do animal em 1 ou 2 dias”, explica. Por isso não se pode deixar de vacinar os peludos, principalmente aqueles que costumam passear fora de casa.
A veterinária Adriana Maria Vieira Lopes, presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública Veterinária do CRMV-SP, afirma que “A vacinação de cães e gatos é importante para zelar pela saúde, tanto dos animais quanto dos seres humanos. Manter a carteira de vacinação anual do pet em dia é fundamental.”
O cachorro é contaminado pela doença de forma muito simples: através da saliva dos animais infectados. “Esse contato geralmente ocorre por mordidas, já que a doença tem uma fase de agressividade”, conta Jorge - por isso o nome “Raiva”. Além disso, outros sintomas também devem ser observados.
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“Temos a raiva furiosa e a raiva paralítica. A primeira fase da doença é a furiosa, e a segunda, a paralítica”, explica o veterinário. Os sintomas nos animais são:
Raiva Furiosa
- Excitação;
- Agressividade;
- Medo.
O problema começa a se mostrar fatal na segunda fase. “Depois começa a fase paralítica e os sintomas neurológicos ficam mais evidentes”, conta Jorge.
Raiva Paralítica
- Dificuldade de engolir;
- Muita salivação;
- Falta de equilíbrio;
- Paralisia completa.
Em humanos os sintomas são um pouco diferentes, mas também fatais:
- Cefaleia;
- Tonturas;
- Falta de coordenação;
- Demência;
- Vômitos;
- Febre;
- Convulsões.
Ao ser mordido por um cão não vacinado, o humano deve lavar imediatamente a ferida com água e sabão. “A pessoa deve também procurar rapidamente a unidade de saúde mais próxima. O cão deve ficar em observação por 10 dias e se por acaso ele sumir ou morrer o humano deve ser vacinado contra a raiva”, alerta o veterinário.